James O'Rowth

Durante a infancia das crianças, a família alternava entre Dublin e a fazenda em Connacht. Na fazenda as crianças tinham mais espaço e brincavam sem se preocupar, o que nao acontecia em Dublin. Apesar da boa casa que eles tinham, era pequena para a quantidade de pessoas que ali moravam e as brigas entre as crianças eram comuns. James preferia ficar na fazenda, onde tinha contato direto com a natureza e ficava livre das brigas dos irmãos. Kelly e Kennedy em especial, implicavam com ele, sempre aprontando e colocando a culpa em James. Uma vez, quando as duas tinham 4 anos e James 8, elas acabaram colocando fogo numa pillha de livros e quando James foi tentar ajudá-las, acabou levando a culpa. Por isso, Duene colocou de castigo no sótao por 4 dias, sem que ele pudesse sair de lá a nao ser para refeições e banheiro. Apesar de pacato e tranquilo, esse acidente deixou James furioso. No terceiro dia ele já tentava arranjar formas de sair dali, sem sucesso. Dono de uma imaginação fértil, resolveu que ficaria sentado de frente pra porta, mentalizando que ela abrisse e assim aconteceu. O garoto levou um susto imenso, mas aproveitou a oportunidade e correu pela casa sem fazer barulho, até encontrar as bonecas preferidas das gemeas e colocá-las dentro do balde de piche, nos fundos. Depois desse acontecimento, foram vários os momentos em que James dava sinal de magia. Seus pais eram muito católicos e nao sabiam como lidar com o filho, passando a vigiá-lo o máximo de tempo possivel. Os irmaos começaram a excluir James das brincadeiras, até que na escola, ao se sentir ridicularizado, num acesso de raiva fez com que todas as lancheiras abrissem e os lanches voassem pela escola. A confusao foi enorme, na reuniao que foram chamados, os pais de James nao tinham explicação pro acontecido, entao a partir daí, os dois resolveram que seria melhor para todos que o filho vivesse na fazenda, longe de tudo e de todos, onde nao poderia causar problemas ou constrangimento para eles. Aos 9 anos, James morava sozinho numa casa imensa, apenas na companhia dos empregados que apenas cruzavam seu caminho para arrumar o local, alimentá-lo e trocar poucas palavras. Nos feriados e festas santas, a familia aparecia, mas já nao tinham laços afetivos como antes. Dos 9 aos 11 anos, o garoto teve como companhia basicamente livros que eram enviados por Eny e as águias, das quais ele passava a maior parte do tempo cuidando, além é claro, de 'estudar' e 'aprimorar' os sinais de magia que apareciam esporadicamente. Quando recebeu a carta pra Hogwarts, ele nao acreditou no que estava escrito, aquilo nao lhe parecia certo. Reenviou para seus pais, que o ignoraram solenemente. Foi preciso alguns meses para que os pais de James se convecessem da existencia de Hogwarts, mas assim que isso aconteceu, resolveram que seria melhor custear os estudos do rapaz o mais longe possivel para que ele nao os envergonhasse mais. Assim, aos quase 11 anos, James se via descobrindo um mundo novo que nao lhe era assustador. Ele tinha a sensação de que pertencia muito mais à aquele lugar do que em qualquer outro.

Sua aventura começou ao atravessar a plataforma 9 3/4, da estação King Cross. Assim dizia as instruções que recebera. O malão estava absurdamente pesado, mas James nao sentia. Cruzou a plataforma algumas vezes, procurando a placa que indicava e nao encontrou. Viu uma menina de uns 7 anos cruzar a parede junto com sua mãe. James achou absurdo, mas a uma altura dessas, nada seria impossivel. Arriscou. Ao chegar do outro lado, viu o trem e a movimentação de estudantes. Foi difícil, mas achou uma cabine vazia. Sentou perto da janela, apertando o casaco contra si, sentindo frio, deixou a porta aberta e espiava o corredor, vendo as pessoas passando prum lado e pro outro. Logo um garoto da mesma idade que ele entrou na cabine. Ele era gordinho e tinha um cabelo arrepiado/bagunçado. Perguntou se podia entrar, ele ofereceu um sapo de chocolate e eles começaram a conversar. Seu nome era Derek e tinha muitas historias sobre o mundo bruxo. A conversa deles foi interrompida quando um garoto magricela de cabelos emaranhados invadiu a cabine falando alto sobre algo que envolvia trem, doces, hogwarts e festas, gesticulando, como se os conhecesse a muito tempo. Demorou algum tempo para que eles se apresentassem, mas a partir dali, os três virariam a família um do outro em Hogwarts. Ao chegar em Hogwarts, Derek e Orion guiavam o caminho, como se já soubessem o que viria a seguir. James ia atrás, curioso, perguntando e observando tudo com olhos arregalados. Na ponta do barco em que foram levados até o castelo, estavam duas gemêas identicas, uma mais falante espivitada, a outra risonha, porém mais calma, mas o que chamou atenção nelas, foi que ambas andavam de mãos dadas o tempo todo, sem se separar um instante. Tudo era novo, nada parecia com algo que James já havia visto antes, mas tudo era tão certo pra ele. Os quadros, a barulheira, o uniforme, as gravatas... Ele nunca aprendeu a colocar uma gravata. Foi preciso a ajuda de algumas mãos pra dar o nó. As mãos suavam frio e sem parar, por mais que ele as esfregasse no uniforme. Quando os portões do salão principal se abriram, James olhou prum lado, viu Orion animado, olhou pro outro, viu Derek concentrado, procurou as gemeas e elas estavam de maos dadas, pareciam perdidas. No segundo seguinte, Orion bateu nas suas costas/ombros e falou qualquer coisa parecida com 'let's rock', James nao ouviu muito bem, havia um zumbido na sala alto demais pra ele se concentrar em qualquer outra coisa. Agradeceu mentalmente por estar na letra J e ter que esperar a seleção de alguns alunos primeiro.